Os melhores amigos dos homens representam uma população de 29 milhões de cães e 10 milhões de gatos no Brasil. Juntos, esses bichinhos de estimação já movimentam um mercado de R$ 9 bilhões por ano, que engloba desde marcas de rações e vacinas, até aqueles lucrativos serviços de luxo, como salão de beleza, spa, fisioterapia ou, ainda, moda animal!
Por Anna Gabriela Araujo
Enquanto as padarias evoluem para um modelo de negócios, no qual o pão passa a ser cada vez mais um mero coadjuvante, as grandes lojas especializadas em produtos e serviços exclusivos para animais de estimação crescem a passos largos nos grandes centros. Na cidade de São Paulo, por exemplo, os pet shops já somam mais de 4 mil estabelecimentos, o equivalente ao mesmo número de padarias da maior metrópole latino-americana. Isso sem considerar as lojas na internet, como o recém-inaugurado Pet Boom, um portal de compras coletivas voltado ao segmento pet. Criado pelo publicitário Julio Peres, o endereço virtual oferece desde produtos diferenciados até serviços exclusivos com descontos de 90% sobre o valor de venda do produto.
Em todo o Brasil, a quantidade de pet shops e de clínicas especializadas em animais de estimação já ultrapassa a casa dos 25 mil estabelecimentos. Essa estimativa é da Comac (Comissão de Animais de Companhia), doSindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan). De acordo com o presidente, Luiz Luccas, atualmente, esses 25 mil pet shops atendem a uma população aproximada de 29 milhões de cães e 10 milhões de gatos em todo o Brasil. “Há dois anos, a última edição da pesquisa Radar PET indicou a presença de 25 milhões de cães e 7 milhões de gatos em 44% dos lares brasileiros. Em 2012, vamos repetir esse levantamento, mas já notamos que uma das tendências é o aumento dos gatos nas casas do público presente na classe C.”
Um outro levantamento feito no ano passado, pelo Centro de Controle de Zoonoses da prefeitura de São Paulo e pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, mostrou que somente na metrópole paulistana existem 2,4 milhões de cães, ou seja, um cachorro para cada cinco pessoas versus um gato para cada 20 paulistanos. “Notamos que nos últimos anos, a população canina tem permanecido estável no Brasil, enquanto os felinos têm aumentado sua presença nos lares brasileiros por serem mais independentes e por demandarem menos gastos”, avalia Luccas, que também atua como diretor de negócios da Unidade Animais de Companhia da Merial Brasil. “Esse é um mercado que movimenta R$ 9 bilhões por ano no País”, estima Luccas.
Na Merial, ele é um dos responsáveis pelo desempenho do produto mais vendido da indústria veterinária em todo o mundo. “Lançado em 1995, o Frontline representa 13% das vendas mundiais do segmento pet, com um faturamento anual de US$ 1 bilhão. E ainda assim, em mercados como o do Brasil, registra crescimento anual de 8% a 10%”.
Luccas observa que o marketing para esse tipo de produto é voltado para a informação e formação do brasileiro, que ainda não tem o hábito de comprar o Frontline com frequência. “Investimos em ações no ponto de venda, em mídia online e, principalmente, nas redes sociais.”
Segundo o executivo, dos US$ 20 bilhões movimentados anualmente pela indústria veterinária em todo o mundo, 40% corresponde a produtos para pets. “No Brasil, esse faturamento representa apenas US$ 1,5 bilhão por ano, dos quais de 10% a 12% estão relacionados as linhas para os animais de companhia. O mercado ainda tem muito para crescer no País.”
Vida de cão?
Além de rações e produtos para a saúde animal, outro segmento que tem registrado um crescimento significativo é o de serviços de luxo, como a confecção de roupas de grife, salão de beleza, spa ou ainda fisioterapia animal. Um exemplo é o Hotel SPA Vila dos Cães, em Alphaville, na Grande São Paulo. Com 27 apartamentos, o local oferece desde fisioterapia até salão de beleza para o melhor amigo do homem. A diária com pernoite custa em média R$ 80 na baixa temporada e o Day Care, para o cachorro passar o dia na “creche”, sai por R$ 56, no caso da raça Golden Retriever.
Animais que recebem esse tipo de “mimo” chegam a demandar gastos superiores a R$ 100 mil ao longo da vida. Mas para aqueles bichanos que levam uma vida sem tanto luxo, seus donos gastam em média cerca de R$ 7 mil por ano.