Se dependesse exclusivamente do que aprendeu em ciências na escola, Iberê Thenório talvez jamais seria cientista, mesmo que de mentirinha. Segundo ele, as escolas nunca o estimularam a gostar de ciências. Se na adolescência ele assistia aos programas do cientista do Mundo de Beakman – programa americano de TV que atraiu a atenção de crianças ensinando experimentos caseiros – há quatro anos, é Thenório quem leva o título de Beakman brasileiro. Não na TV, mas por meio da internet, ele vem tentando despertar o interesse pela matéria em jovens brasileiros. E parece estar conseguindo.
Em 2008, Thenório criou o Manual do Mundo, um canal no Youtube que reúne vídeos apresentados e criados por ele mesmo em que ensina, de forma simples, criativa e didática, experimentos práticos de biologia, química, matemática, física e tudo mais que for científico. Ensina coisas malucas como a colorir as flores ou até mesmo como acender lanterna usando limão.
Há dois anos, ele investiu ainda mais no portal e começou a subir vídeos duas vezes por semana, sem falta. Como resultado, ele exibe 300 experimentos em vídeo, 142 mil inscrições e 76 milhões de acessos.
Formado em jornalismo, ele começou a trabalhar como webdesigner e na criação de vídeos. Cansado de ser empregado, hoje ele se dedica exclusivamente ao canal educativo. Ao lado da mulher e de dois estagiários em um estúdio próprio no centro de São Paulo, ele grava, edita e cria a trilha sonora dos vídeos.
O intuito é criar nas pessoas empatia pelas ciências e permitir aquilo que, segundo ele, as escolas “infelizmente ainda não conseguem”: conectar teoria e prática. “Na minha infância, não tive contato com ciência na escola. Talvez seja justamente por não tê-lo tido é que essa vontade foi despertada”, afirma.
“A partir da educação por projetos os alunos deixam de ver e ler os conteúdos na teoria para aprendê-los de uma forma mais lúdica”
Conheça o Manual do Mundo
De acordo com ele, a lógica do ensino de ciências é trabalhado de forma reversa: a escola tenta ensinar primeiro a solução, para um dia, quem sabe, na vida, o aluno encontre o problema. “Não é primeiro se apropriar de um princípio, um conceito, e, depois, tentar prová-lo em um projeto, mas, ao contrário, realizar o projeto e depois tentar entender o princípio”, diz.
Thenório aposta na educação por projetos como forma de elucidar os conteúdos abstratos dados no currículo escolar. “A partir da educação por projetos os alunos deixam de ver e ler os conteúdos na teoria para aprendê-los de uma forma mais lúdica”, defende. Outro suporte apontado por ele é o uso da tecnologia. “A multimídia ajuda bastante a melhorar o ensino, seja por meio de um vídeo, de um infográfico. Imagina ensinar biologia mostrando como funciona uma célula por dentro. Tudo fica mais claro”, garante.
Segundo ele, a principal inovação em um portal educativo na internet é o poder de interatividade que ele gera. Se comparado à televisão, aponta, os vídeos educativos na internet têm um potencial “infinitamente maior” de aprendizagem (como é caso da comparação entre os vídeos produzidos por ele e o programa Mundo de Beakman). “A interatividade não só com quem está assistindo, mas com quem produziu o vídeo. Essa é uma das principais diferenças. Ao assistir na televisão, o espectador tem uma relação muito passiva. Não é possível interagir, comentar, muitas vezes, simultaneamente, como na internet”, afirma.
Fonte: As boas Novas