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5 de outubro de 2012

Brasileiro Ensina Ciências em Vídeos na Web



Se dependesse exclusivamente do que aprendeu em ciências na escola, Iberê Thenório talvez jamais seria cientista, mesmo que de mentirinha. Segundo ele, as escolas nunca o estimularam a gostar de ciências. Se na adolescência ele assistia aos programas do cientista do Mundo de Beakman – programa americano de TV que atraiu a atenção de crianças ensinando  experimentos caseiros – há quatro anos, é Thenório quem leva o título de Beakman brasileiro. Não na TV, mas por meio da internet, ele vem tentando despertar o interesse pela matéria em jovens brasileiros. E parece estar conseguindo.


Em 2008, Thenório criou o Manual do Mundo, um canal no Youtube que reúne vídeos apresentados e criados por ele mesmo em que ensina, de forma simples,  criativa e didática, experimentos práticos de biologia, química, matemática, física e tudo mais que for científico. Ensina coisas malucas como a colorir as flores ou até mesmo como acender lanterna usando limão.

Há dois anos, ele investiu ainda mais no portal e começou a subir vídeos duas vezes por semana, sem falta. Como resultado, ele exibe 300 experimentos em vídeo, 142 mil inscrições e 76 milhões de acessos.
Formado em jornalismo, ele começou a trabalhar como webdesigner e na criação de vídeos. Cansado de ser empregado, hoje ele se dedica exclusivamente ao canal educativo. Ao lado da mulher e de dois estagiários em um estúdio próprio no centro de São Paulo, ele grava, edita e cria a trilha sonora dos vídeos.

O intuito é criar nas pessoas empatia pelas ciências e permitir aquilo que, segundo ele, as escolas “infelizmente ainda não conseguem”: conectar teoria e prática. “Na minha infância, não tive contato com ciência na escola. Talvez seja justamente por não tê-lo tido é que essa vontade foi despertada”, afirma.
“A partir da educação por projetos os alunos deixam de ver e ler os conteúdos na teoria para aprendê-los de uma forma mais lúdica”

Conheça o Manual do Mundo

De acordo com ele, a lógica do ensino de ciências é trabalhado de forma reversa: a escola tenta ensinar primeiro a solução, para um dia, quem sabe, na vida, o aluno encontre o problema. “Não é primeiro se apropriar de um princípio, um conceito, e, depois, tentar prová-lo em um projeto, mas, ao contrário, realizar o projeto e depois tentar entender o princípio”, diz.

Thenório aposta na educação por projetos como forma de elucidar os conteúdos abstratos dados no currículo escolar. “A partir da educação por projetos os alunos deixam de ver e ler os conteúdos na teoria para aprendê-los de uma forma mais lúdica”, defende. Outro suporte apontado por ele é o uso da tecnologia. “A multimídia ajuda bastante a melhorar o ensino, seja por meio de um vídeo, de um infográfico. Imagina ensinar biologia mostrando como funciona uma célula por dentro. Tudo fica mais claro”, garante.

Segundo ele, a principal inovação em um portal educativo na internet é o poder de interatividade que ele gera. Se comparado à televisão, aponta, os vídeos educativos na internet têm um potencial “infinitamente maior” de aprendizagem (como é caso da comparação entre os vídeos produzidos por ele e o programa Mundo de Beakman). “A interatividade não só com quem está assistindo, mas com quem produziu o vídeo. Essa é uma das principais diferenças. Ao assistir na televisão, o espectador tem uma relação muito passiva. Não é possível interagir, comentar, muitas vezes, simultaneamente, como na internet”, afirma.

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