A companhia aérea Ryanair é famosa por duas coisas: tarifas baratas e o calendário que publica anualmente com aeromoças de lingerie. Juntar os dois para promover uma nova tarifa econômica é uma boa ideia, certo? Errado. O anúncio “Tarifas e Tripulação Quentíssimos” foi banido das publicações britânicas por ser “sexista” e “diminuir a figura feminina”.
O órgão regulador de publicidade no país afirmou que a campanha, que aproveita fotos de aeromoças de lingerie em poses para o calendário beneficente da Ryanair, transformava as mulheres em objetos sexuais.
Embora a promoção tenha começado a ser veiculado no final de novembro, foi somente em dezembro que a ASA passou a receber reclamações. Uma das aeromoças da companhia aérea chegou a escrever uma carta dizendo que a propaganda as colocava no mesmo nível das “modelos que tiram a roupa”.
A comissária de bordo Ghada, que não quis dar mais detalhes sobre sua identidade, disse que os anúncios passavam uma ideia errada do trabalho que ela e suas colegas realizam todos os dias a bordo das aeronaves da empresa. Ela enviou uma petição online com milhares de assinaturas. “Eu sou parte da equipe de bordo. Adoro meu trabalho e o levo muito a sério, por isso fiquei tão horrorizada ao ver este anúncio da Ryanair que basicamente mostra comissárias de bordo como se fossem essas modelos que aparecem seminuas em fotos”.
“Nós trabalhamos muito para garantir a segurança dos passageiros. A segurança é nossa prioridade número um, não a marca da roupa de baixo que usamos”, disse.
A Ryanair, que já causou polêmica ao sugerir que passageiros acima do peso pagassem mais e que carregassem suas próprias malas para economizar dinheiro, disse que a promoção mostrava fotos tiradas para seu calendário 2012 e que as fotos não eram sexistas porque as comissárias haviam se prontificado a produzir as imagens.
O órgão regulador não engoliu a desculpinha e deixou claro que não queria ver as imagens usadas de outra forma para promover a empresa, que não pelo calendário beneficente. “Consideramos que a maioria das pessoas que vissem o anúncio interpretariam de forma diferente os dizeres ‘Tarifas e Tripulação Quentíssimo’ ao lado do nome das mulheres, fazendo a ligação entre as comissárias e um comportamento sexualmente sugestivo”.
“Embora aceitemos que as mulheres tenham se prontificado a aparecer no calendário, consideramos que os anúncios certamente causariam uma ofensa grave, ao aparecer nos jornais do país”, diz a nota.
Em 2008, a Ryanair teve de pagar 60 mil euros em compensação ao presidente francês Nicolas Sarkozy e sua mulher, Carla Bruni, por ter usado uma foto do casal em um anúncio. A propaganda anunciava grandes descontos em passagens na Europa, com um balão em que a primeira-dama diria: “Com Ryanair, toda a minha família pode vir ao meu casamento”.
Fonte: Época Negócios