O Google mudará sua política de privacidade no dia 1º de março. E o que isso muda na sua vida? O portal R7 conversou com especialistas e com o próprio Google para poder explicar para você como sua internet será a partir de agora.
Antes, você tinha que concordar com as regras do Gmail ao se
cadastrar, depois com um grupo diferente de regras para o YouTube, outro
para Picasa, Google+... Agora, não mais: vai ser um mesmo acordo para
quase todos os serviços. As informações que você dá sobre você e as
páginas que você acessa em um dos sites do Google vão valer para montar
um perfil mais "global" sobre você, que vai ser usado em todos os sites.
Cerca de 60 sites vão ter suas regras diferentes de funcionamento
unificadas em uma só.
Resumidamente, o Google vai aproveitar as informações e coisas que
você procura ou se interessa para te oferecer algo semelhante - em todos
os sites do grupo. Felix Ximenes, diretor de comunicação do Google no
Brasil, deu um exemplo prático, explicando que ele poderia colocar uma
foto do George Clooney, por exemplo, no Picasa. Só que, se colocasse
essa mesma foto no YouTube, ela não seria permitida por violar direitos.
Agora, a política é uma só para todos os sites e, por isso mesmo, vale
ficar por dentro do que você pode ou não pode fazer.
- Você coloca no seu Google+ que você gosta de filme independente
europeu. Aí você vai procura conteúdo sobre cinema e aparece filme de
Hollywood. Se você já falou para ele que gosta de filme europeu, por que
é que ele vai te dar filme de Hollywood? Você fala se quer receber esse
tipo de conteúdo, se não quer receber esse tipo de conteúdo. Um painel
só é mais simples, mais direto, mais controlável.
Na prática, para o Google, essa mudança só traz benefícios.Com seus
sites integrados, será possível usar informações de buscas que você fez
no Google para te sugerir vídeos parecidos no YouTube, por exemplo. Eles
vão interligar todas as suas navegações nos serviços do Google, para
poder oferecer sugestões mais precisas - e anúncios publicitários mais
precisos também, é claro.
E se eu não quiser?
E se eu não quiser?
Má notícia: a partir de 1º de março, o Google vai funcionar assim. E
ponto final. Se você não quiser aderir a essa política, não vai mais ter
conta nos sites deles - ou seja, vai ter que excluir seu perfil.
Mas, antes de tudo, é importante ressaltar um fator, que Ximenes
comentou: as regras só valem se você estiver logado (ou seja, tiver
feito o login, tiver se cadastrado e se registrado). Se você não quiser,
não precisa se cadastrar. Pode usar os serviços de forma anônima. Ao
menos alguns deles.
- Há uma opção de saída para a política: não usar o produto. Ou usar
de forma anônima. Você não é obrigado a assinar o Google para fazer uma
busca, para ver o YouTube. Para mandar um email, sim. É sua conta
pessoal. Uma vez que está assinado, você começa a armazenar dados lá.
Isso é normal, qualquer serviço é assim. Até porque precisamos ter
garantia, em caso de um abuso ou uma violação de termos de serviço, ou
mesmo cometer um crime usando nossos serviços, precisamos rastrear esse
cara. E não é assim, que você topa nossa regra ou você está fora do
jogo. Você pode usar a busca, pode usar YouTube. Só não pode usar as
coisas que por natureza precisa estar logado. Existem serviços nossos
que não precisam de login.
Mas e quem já tinha - como eu, você e a maioria das pessoas - um
login do Google com as políticas antigas? E se essa pessoa, que já deu
"OK" em outros termos, não está satisfeita com os novos? Ela não pode
usar, judicialmente, o anterior? O professor Coriolano Almeida Camargo,
especialista em crimes eletrônicos, explicou que, sim, talvez possa. Mas
é um caso complicado:
- Na verdade não é um contrato. É uma política de privacidade. É um
documento unilateral. O que se critica sob o ponto de vista contratual é
que é um contrato de adesão, que as pessoas aderem ou simplesmente não
aceitam. Em um tribunal, se alguém eventualmente for lesado, pode ter
sua validade jurídica questionada, uma vez que uma pessoa comprove que
ela efetivamente sofreu algum dano pela má gestão ou má utilização dessa
política de privacidade por parte do Google. Ele pode ingressar com uma
ação judicial para que o contrato anterior continue valendo. Que a
política que na visão dele seja mais adequada na relação entre Google e
usuário prevaleça. Se ele mostrar claramente que dentro do perfil dele
como usuário que a nova política fere a sua privacidade, fere a
qualidade do serviço que o Google tá se propondo a prestar, sem dúvida
nenhuma os tribunais vão analisar com olhos atentos essa questão no
sentido de que o Google continue usando uma política antiga - ou até
mesmo o poder judiciário pode dar diretrizes para que o Google não venha
a ferir a privacidade das pessoas. Mesmo esse contrato sendo
unilateral.
Ximenes explicou ainda que o Google sempre adotou a postura de
permitir que o usuário salve seus dados e leve para outro serviço, caso
não goste dos oferecidos pela empresa. A novidade é que eles unificaram
as mais de 60 políticas de privacidade. Não é que o Google vai adotar
essa postura agora. Sempre foi assim. E o botão sempre vai estar lá para
exportar seus dados e levar para outro serviço.
De qualquer forma, Victor Haikal, advogado especializado em direito
digital, explicou que é importante ler o documento com a nova resolução
do Google, para você saber se quer mesmo aceitar:
- Esse tipo de contrato é o que a gente chama de contrato de adesão.
Como é feito por milhares de pessoas, é muito difícil ficar discutindo
cláusulas customizadas, para cada pessoa. Então se cria um regime único.
As pessoas que quiserem dizem sim e as que não quiserem não usam o
serviço. Infelizmente, é muito mais fácil as pessoas saindo usando o
serviço do que lerem esses textos, mas em relação ao anterior, o texto é
menor.
Não gostou? Se você quiser ver o que o Google "sabe" sobre você, eles
sugerem que você dê uma olhada no Google Dashboard (painel que reúne
tudo o que você tem no Google). Se quiser fechar sua conta, vá a Google
Contas (https://accounts.google.com/EditServices) e escolha a opção para
apagar tudo o que você tem.
Fonte: R7